2pe - Sem Neurose (part. V.H)

E sem neurose, não pose, não brinco de estatua
To sempre em movimento, indecisão nem sempre mata
Caminhos que eu trilho, a recompensa é meu filho
Alerta na envolta, me solta
Revolta que me deixa acordado, longe de pisar no gatilho
Porém eu trilho, a pé, de novo um tropeço
Discussão em primeira pessoa, mas na brasa eu me aqueço
Desafio e enfrento, tudo aquilo que me apavora
Recebo sem malícia o que se tem ai por fora
E entre pintores eu expresso e pinto a minha arte
Com prazer eu abro espaço e construo a minha parte
Não sou de marte, só porque não compartilho do seu gosto
Faço e aposto sem vergonha de mostrar o meu rosto
E no meu posto, confere que eu tô presente
Preparado pra ocasiões que eu crio de repente
Que graça tem o pico, se a emoção tá na escalada?
Que graça tem a vitória ao olhar pra trás e não ver nada?
Calada, a chuva bate, cada estralo me condena
Meu refúgio é o pensamento, eu defino a minha cena
Criando pena, sempre alto, não mudo o meu lema
Eu queimo o asfalto, a largada, buscando o mais puro
Junto a minha própria presença perdida no escuro, é duro
Mais eu atravesso, eu furo
Em uma mão eu amasso meu passado
E na minha direita eu seguro o meu futuro
Não penduro responsa em alguém
Não sigo sem, só planto o bem, que problema tem
Em continuar, fazer o meu, sem medo de ser refém
Dos meus traços, enrolados formando laços
Sepa que no ambiente errado mas ganhando meu espaço
Juntando poeira eu renasço, folha por folha eu amasso
Caindo sim, mas não por tropeçar nos meus cadarços

E se um dia for, mais além?
Provar que o tempo até que me fez bem
Mesmo de olho fechado, sem medo do escuro
Mas sigo confiante, eu acho o que eu procuro

Raspando os dente, mil fita na minha mente
Preocupado com cada detalhe
E a felicidade não tem ingrediente, então prefiro ignorar
Não sou, fã de pagode, mas deixo a vida me levar
Não preocupado com a direção, mas talvez onde eu vá chegar
Medindo somente atitudes, e nenhum degrau da escada
Mantido no sentido certo, mas na direção errada
É foda, empurrando um sonho, faltando umas roda
Frieza ou talvez egoísmo de tentar me manter
Sempre o mais perto possível da borda
Admito que incomoda, preenchendo qualquer vazio com soda
O pior seria me ver no inferno, vagando, trajando gravata e terno
Fazendo meu sonho eterno, e desse ninguém me acorda
Puxando as cortina, varrendo pra fora, mas pra bem longe
Todos os falso que vem de sobra
Cada canto me completa, ganância por ideia certa
Não julgo nenhum poeta, a intenção aqui me desperta
Não preciso nem dar seta, só vou entrando e acredito
Mesmo se eu correr um dia pro meu canto, mas não arrependido
Se o tempo é rei, no mínimo eu sou seu amigo
Não sem abrigo, não sem condição, simplesmente por opção
Tendo um por que, vestindo a própria pele
Então não tenta entender

E se um dia for, mais além?
Provar que o tempo até que me fez bem
Mesmo de olho fechado, sem medo do escuro
Mas sigo confiante, eu acho o que eu procuro

Calando o sentido no que faço
O espaço por mim não foi perdido, opções se tem um maço
Abro o leque de idéias, e mais precisão no traço
Dificulta a presa que se persisto eu caço
E ambições que me define, a vida não é filme
Tão longe, mas perto, certo
Adepto de encontrar o momento sublime
Pela capa não descrimine, se tu entende é assim que é
Quem fala o quer, também escuta o que não quer
Um dia agente aprende, não preocupado com o perigo, fé
Se viver agora virou um jogo para a morte
Um gole da vida, e mais um trago, agora deixa que eu tô forte
Sem porte, sorte
Cadeia produtiva, antes pecuária, de corte
Pra aquelas que tão pastando, pelo amor se comporte
Deixando só o osso dos caroço
Tiro a mira, rima que entora e vira o pescoço cansado do esboço
Papel e caneta é o que eu preciso, se tem mesa o almoço
Se liga e muita calma se o caldo não ta grosso
Pergunta se ta fácil?
Mas difícil é acertar o ponto
Peneirando as palavras, vejo que eu já ta pronto
Pra seguir na busca do próprio orgulho
Não importa quantos vão se ferir, confundir ou até mesmo rir
Contando os andares que não param de subir
De estatua eu não brinco
Ainda não cheguei na lua, mas minha bandeira finco
O silêncio provoca algo que nem sei se sinto
Nem como defino, ditatório e pontual
Como o soar do sino, esperando o meu destino
Na busca do além, lado nocivo dos menino
Só meu truta por favor não pose
Dizem que fazer rap é moda, febre, até virose
Melhor remédio pra essa porra é paciência
Então aumento a dose
(Mas, mas?)
Não mudo os planos, tentando agradar a gregos e troianos
Comigo?
(Comigo não mano)
Sai fora mano, sem neurose

E se um dia for, mais além?
Provar que o tempo até que me fez bem
Mesmo de olho fechado, sem medo do escuro
Mas sigo confiante, eu acho o que eu procuro